sábado, 30 de junho de 2012

Lembranças


A casa era enorme. Se pobre era sequer atinava para isto uma vez que do quintal vinham generosas porções de verduras e frutas. Sempre pontuais, a cada estação: manga, laranja, jabuticaba, limão, mexerica e tantas mais. Na despensa, o cacho de banana fornecia a fruta do dia.

Mas a maior certeza de sua riqueza vinha dos livros. Com Pedrinho, Narizinho e Emília viveu nos cenários de Dona Benta, provou todos os quitutes da tia Nastácia e acompanhou os 12 trabalhos de Hercules.

Destas leituras vem a mais antiga lembrança gastronômica da sua infância, pois queria muito conhecer o sabor da comida dos deuses. O néctar imaginava o menino, deve ser mais ou menos como o mel. Mas como seria a ambrosia? Depois de muito refletir, decretou: é mingau de milho verde!!! Os deuses merecem o que há de melhor e não existe no mundo sabor igual.

Hoje o menino já aprendeu que ambrosia era uma fruta e que também dá o nome a um doce, à base de ovos.

Mas a extrema felicidade de experimentar um mingau de milho verde permanece inalterada. Atingiu a imortalidade, pois a alma de menino mantém estas lembranças e saudades no seu coração.

4 comentários:

Anônimo disse...

Saudadeeeeeeeeee!!!

Beijo,
www.estanteseletiva.com

Anônimo disse...

Bom dia Bia!!! Legal demais ver esse post... Ontem de manhã eu estava saindo para trabalhar e a tv ligada começou a passar o sitio em desenho, nao queria levantar de frente da tv. Cheguei no trabalho comentando com as meninas, que assim como, eu nao conheciam! Marcou minha infancia e me deu uma saudade....delicia!
Bjos
Lyd

mollymell disse...

Bom dia Beatriz!

Que belo texto, a foto da turma do Sítio do Pica Pau enfeitou graciosamente a postagem.

ps.: você escreve pouco em suas postagens, mas qdo escreve... é uma delícia ser textos, e suas emails.

Rovênia disse...

Que doces lembranças de uma infância tão rica. Sou do interior de Minas, minhas férias eram na fazenda dos meus avós. Gostava de jabuticaba, de laranja colhida do pé, de mangas de vários formatos. À noite, quando ainda não havia luz elétrica, meu avó inventava histórias. Era o meu sítio, a minha avó, as histórias que Monteiro Lobato eternizou em seus livros. Amei a dica para ler esse post. :)!