quinta-feira, 11 de maio de 2017

Bom dia


Eu contei para você que estou em um novo apartamento? Como é maior do que o anterior eu estou buscando soluções para preencher os espaços (e sem gastar muito). Dou sempre uma espiadinha na internet procurando ideias e sugestões.

Nesta caminhada eu descobri uma coisa muito interessante: hoje, os lugares onde as pessoas moram são sempre retos. E limpos. Nudes ou brancos (a cor, quando aparece, tem a função de realçar o nude e o branco).
Um clima quase monocromático. E tem também a cor cinza, em diferentes nuances.

Estes espaços não têm curvas. Parecem salas de cirurgia, limpos e esterelizados. Sempre iguais. Minimalistas.

Não tem lugar para a manta de tricô que minha tia aos 94 anos fez para mim.

O porta retrato virou o pinguim da geladeira, cafona que é.

Não vejo lu
gar para guardar as minhas lembranças.

Onde colocar a jarra (de cristal) que foi da minha avó mas que está toda quebrada em um dos lados. Sem riscos ou trincados poderia ser uma peça de antiquário, mas deste jeito o seu destino teria que ser o lixo.


A cama do casal recentemente comemorou 39 anos e está no quarto de hóspedes. A nova cama foi comprada há 25 anos atrás quando, ao perceber que não me interessava trocar de marido, eu decidi trocar o cenário. E ela também é cheia de curvas. As duas, pobrezinhas, ficam sem entender porque esta nova geração prefere enormes colchões montados em rodinhas de metal. Ficam meio envergonhadas por usarem colchas de crochê porque já escutaram que isto não se usa mais. É demodê, palavra difícil e importada para dizer que está fora de moda.

A reta não proporciona o aconchego, a curva sim. A reta é fria, a curva aquece. A reta não aproxima, a curva traz o abraço.


E diante de tudo isto eu tomei uma decisão: não terei uma casa reta. 

Minha casa vai continuar curva, cheia de histórias para contar porque cada objeto tem uma trajetória. Todos têm um significado e representam momentos inesquecíveis. Eles têm memória e sabem contar uns "causos" interessantes. Alguns estão comigo há décadas, sabe lá o quê é isto? 

Por tudo isto e muito mais, eu admito e confesso: não sou minimalista, gosto de bibelôs, de enfeites pelas paredes, imas de geladeiras, paninhos de bandeja, caminhos de mesa, toalhinhas de crochê e tudo mais que tornam a minha casa um lar cheio de curvas.

2 comentários:

chica disse...

Adorei te ler e sabes da maior? Essa história de moda pra casa, que agora é assim ou assado, pra mim é a maior FRESCURA e papagaiada. Casa tem que ser do nosso jeito.. Decorada até com desenhos de crianças, netos pelas portas, numa bagunça organizada, seja como for...Colorida, monocromática, arrumada ou não... Importa é nela estarmos bem e não sermos escravos dela. Sempre deve ter lugar para os paninhos, colchas o que QUISERMOS! Ponto final,né? AUTENTICIDADE e não meras copiadoras, sujeitas à escravidão de decoradores que tantas vezes nada sabem de nós. beijos, tudo e bom,chica ( desculpa o jornal que fiz,rs)

Anônimo disse...

Amei este seu post. Há muito que não passava aqui..por desleixo, acho eu. E achei este seu post, tão delicioso. Infelizmente, acho que sou um pouco reta...na da de bibelôs, colchas e colchinhas...mas gosto de ver e às vezes apetece mudar para esse ambiente mais curvilíneo. Não o faço porque não sou muito de copiar. Gosto de arrumar e decorar como eu sinto.
beijnho